segunda-feira, 25 de abril de 2011

Wicklow National Mountais Park.



The Ireland Garden é como é conhecido o condado de Wicklow foi nossa última parada. Três longos dias de caminhadas, dores, cansaço e é claro que vitórias e surpresas. Era tarde quando na última quinta-feira nos juntamos eu e o Lincoln para discutir nosso passeio do feriado prolongado. Como tínhamos 4 dias de folga, a intenção inicial era visitar duas cidades próximas a Dublin pela economia e por poder descansar mesmo. Quando nos damos conta estávamos indo pra Wicklow e fazendo cálculos de quantas horas demoraríamos para ir até lá apé e quanto dinheiro gastaríamos. Daí pra madrugada juntamos barraca, bicicletas e nossos amigos Danillo e Renan. Saímos na sexta as 13:10 da Connoly Station em direção a Bray. Chegando lá as 14:00 iniciamos nossa loucura. Foram 30km muito longos de subidas de montanha em direção a Glendalough. Com muito esforço e pouca comida. Enxendo nossas garrafas nos rios e correntezas e nos alimentando unicamente por sanduíches e biscoitos pra enganar o estômago.

Chegamos em Roundwood no começo da noite. Cansados de um trajeto longo, árduo e doloroso, por vezes, paramos no CENTRA ( espécie de loja de conveniência ) e montamos duas pizzas. Em meio ao processo pensar em como montar a pizza pra atender não só a vontade de comer, mas a necessidades de algumas coisas perguntei aos locais onde poderíamos acampar, e por azar nos disseram que a área de camping antes existente em Rounwood já era fechada a tempos e que deveríamos tentar convencer um Farmer a nos permitir entrada em suas terras para repousar. 14 Euros e 4 pedaços de Pizza para cada e chegamos a conclusão que como já passava das 21 horas era de extrema importância seguir rumo até um lugar bom para acampar,,,

Ao bater em uma porta e pedir para ficar no quintal, fomos atendidos por um homem prestativo que nos disse que cederia um bom lugar para acampar logo depois de um caminho de certa forma particular para a parte de trás da Igreja local. Igreja esta nonimada por St.Lowrence O`toole e que foi um abrigo perfeito para aquela noite. O homem em questão é Paul Kelly, o padre da mesma igreja que não só nos deixou dormir ali como nos trouxe uma porção de ameixas frescas e uma parte de uma torta caseira de maçã e ainda disponibilizou um banheiro para nosso uso. Após trocarmos umas palavras sobre o que estávamos fazendo, para onde íamos e de onde éramos o comentário de que eu havia lido sobre Glendalough em um guia fez com que ele percebesse que me interesso por leitura e no final acabei ganhando um livro chamado `` The man in the middle`` com a dedicatória que diz;

`` Willian. never forget you visited Roundwood. St Lowrence O`toole c/ St Kevin of Glendalough go with you of your comrades. Paul Kelly``

Fiquei muito feliz com o presente e já estou lendo. Assim que terminar contarei mais sobre o livro por aqui.

Caímos na estrada novamente pela manhã. Certo que o combinado era de sair as 9 horas e saímos as 11, mas realmente o cansaço era maior do que pensávamos. Em pouquíssimo tempo descemos 11 km e chegamos a um pequeno vilarejo conhecido por Laragh. Comemos nosso pão de todos os dias com calma e preparamos nossa próxima refeição que era igual. Saímos em direção ao parque de Glendalough logo em seguida e andamos por cerca de 1 km até lá.

É INDESCRITÍVEL. O parque é lindo, a natureza realmente foi muito justa com aquele lugar. Lagos de água clara e doce, animais de várias espécies, pessoas jogadas ao prazer morno do sol ou divertindo-se na água. Tomamos conta de um pequeno pedaço e decidimos dormir um pouco aos pés das montanhas e as margens do Lago Upper. Uma cena fabulosa de certa forma. O contraste entre montanhas repletas de árvores antigas e trilhas de diferentes dificuldades, gramados usados para esporte, lazer e descanso e um lago lindo e silencioso em meio a este vale. Realmente considero imperdível pra quem vive tão perto. E existe um ônibus que sai de Dublin por apenas 25 Euros para estudantes.

Passamos o dia no parque, subimos trilhas até encima das montanhas, tiramos fotos do vale e da aventura em si... molhamos os pés na água congelante das nascentes do Lake Upper e tudo mais. Pra variar era hora de voltar e nos preocupar em como e onde iríamos acampar, sendo que o parque onde estávamos era IMENSO e que no mesmo era proibido o camping.

Pois bem, esperamos a noite cair e fomos para a lateral pouco movimentada do lago, encontramos um local relativamente plano subindo um pouco a montanha e levamos tudo para lá sabendo que se a Garda nos encontrasse nos tiraria de lá. Foram alguns minutos de aflição quando ouvimos vozes e passos, claro que tudo não deveria passar de um animal comum como um bode montanhês, mas estar acampados em uma floresta que lembra exatamente a do filme A Bruxa de Blair foi bastante tenso.

Por final dormimos e acordamos cedíssimo para continuar viagem. Todos bem e acampamento levantado seguimos em direção a parte inicial do parque e tomamos nosso café que ninguém sabe que era sanduíche. Mais uma VEZ !

Logo depois saímos em direção a nossa adorada Dublin. Passamos por onde gravaram cenas do filme Brave Heart ( Coração Valente ) e Excalibur. Ao chegar em Roundwood novamente e parar no mesmo local para comprar nosso almoço, deixamos uma mensagem para nosso  amigo Paul Kelly que dizia;

`` We will never forget your help. God bless you ``

Assinamos todos e deixamos debaixo da porta de sua casa. Um presente simbólico para o benevolente padre do vilarejo mais Alto da Irlanda.

De Roudwood para Bray foi rápido, ao final da cadeia de montanhas pegamos uma decida de 3 km muito atrativa para as bycicles. E estando em Bray o DART fez sua função nos carregando novamente para a Dublin de nossa casa.

Foi sofrido, dolorido, cansativo e estressante, mas vale cada gota de suor derramada a vista que temos de lá. Um lugar para levar comigo pra sempre, e companhia para levar junto.

;D

Esse foi nosso final de semana... 60 km de muita história pra contar.

Beijos a todos. !!

Ps: Não to conseguindo postar fotos... vejam no orkut !













terça-feira, 19 de abril de 2011

1 Mês !

Um mês passado aqui já. No começo tudo é complicado, você não fala a língua local e não conhece ninguém. Agora percebo que já consigo me relacionar com as pessoas e que quando eu erro o que falo, eu percebo. É algo muito interessante !! O curso tá indo, não é a oitava maravilha do mundo, mas é ótimo. É complicado porque todos que saem do conforto de suas vidas no Brasil pensam que vai ser fácil, que estar aqui por um ou dois meses já lhe dará o inglês fluente. MENTIRA ! Conheço pessoas que estão aqui a mais de um ano, e estudam comigo e no mesmo nível. Acho que tudo é uma questão de absorção, se você tem facilidade para aprender com certeza em um ano falará inglês, se não tem... esqueça ! Espero que eu tenha ;D

Esta semana temos uma folga na sexta e outra na próxima segunda. É holiday nas escolas daqui e portanto temos 4 dias de final de semana. Claro que procurar emprego é vital e tudo mais, mas cheguei ao ponto em que decidi que estar aqui e não conhecer nem o país onde estou é burrice. Vamos sair de Dublin... mas não para as cidades do ladinho como fiz até agora... vamos para um outro condado. Se a primavera nos permitir pretendemos acampar, mas ainda não é uma certeza. Wicklow é um condado cheio de montanhas onde foram gravados vários filmes como; Coração Valente, Bruxa de Blair, PS: I love you e Rei Arthur... é imperdível pra quem mora aqui não fazer o passeio... e como todo estudante internacional conta seu dinheiro por aqui, nós decidimos que ao invés de pagar pelo passeio vamos faze-lo por conta mesmo.... SORTE !

Bom sem mais a dizer, essa semana conversei com minha família... se alguém ai ver meu irmão dê risada por mim do aparelho dele....

Beijos a todos... volto amanhã provavelmente ;D

terça-feira, 12 de abril de 2011

Sem tato, sem dor !

Muitas vezes nos damos o luxo de simplesmente deixar de pensar nos assuntos que mais nos assustam. Dedicamos nosso tempo a descobrir quão interessantes podem ser as maiores banalidades de nossa existência, mesmo que isso contradiga a afirmação de que banalidades são apenas NADA. Nada nesse caso em forma de comum ao extremo. 

É difícil muitas vezes derramar páginas e mais lágrimas ou sorrisos de um livro que não poderemos jamais terminar. Em grande parte da escrita, o autor se submete a ser o que deve ser, se quiser que lhe possam reconhecer, e não a quem realmente é. Seria banal contar aqui o velho novo conto, do velho mundo que para nós é novo. Como entender ? Simples... basta ter coragem !!

Justiça ou não, devo lhes confessar que hoje as lágrimas com que escrevo estas palavras não são translúcidas. Ser algo é ter algum final, ou simplesmente ser O Final ? Demente é aquele que se esconde atrás das falsas verdades ao invés de expor as verdadeiras perguntas. Quão jovem posso ser, se ao invés de confortar-me em terras de mim mesmo, trato, por aventura, de me jogar a um novo mar de oportunidades baratas e me atiro desapegado em um simples arranjo da simplicidade da sobrevivência ?

O que tenho a dizer, não deve ser dito. O que posso dizer nem eu sei se ainda faz sentido. Sinto-me só, hoje mais do que qualquer dia. Hoje tenho em mim a dor solitária de um coração repleto de bem quereres. Se dessa plenitude ainda posso arrancar desespero quando tão longe e tão só me posto, imagino o que deve sofrer o coração menos afortunado e desejado.

É com tais palavras confusas de dores difusas que me rendo nessa vastidão da noite que cai agora sobre minha terra. Há hoje um espaço oco que não havia em meu peito a dias atrás. Assim se passam os primeiros 30 dias de uma eterna aventura. E mesmo quando imaginamos que tudo está por acabar logo, não posso dizer com sinceridade que é isso que espero. O tempo muda, o clima muda... e as pessoas mudam. Talvez nem eu seja mais o mesmo, talvez ninguém o seja, mas certo poderemos sempre estar de uma coisa; Por mais que tudo desenvolva, e que cada um tenha seu nível para isso... sempre poderemos continuar aprendendo sobre nós. Sei que pode parecer estranho, talvez até breve demais, mas hoje conheço a verdade maior sobre mim mesmo, e amanhã será maior ainda que hoje. Construo minha história a cada dia que passa para continuar em mutações constantes de meu próprio EU.

A última lágrima sangrenta que derramo hoje nessa história, é pra deixar dito que quanto mais tempo se passa sem contato e sem tato, menos sinto a dor que dilacera meu coração. Posso ver em verdade quem são aqueles que por ventura lembram meu nome todos os dias. E sinto com toda a certeza que a natureza há de me trazer, todos aqueles que não estão lendo isso apenas por querer fazer parte de uma história. Eu sei, e todos sabem quem são aqueles que me ajudaram a construir minha própria lenda, e destes terei o companheirismo presente ao meu retorno.

Seja como for, deixo exposto que ainda sou o mesmo. Aprimorando-me com o decorrer das páginas, mas com o mesmo coração solícito e dependente de sempre. 

Amo aqueles que sabem que por mim são amados. Poderia apostar nos nomes que saberão que é deles que falo.

A conclusão disso tudo se faz óbvia. Eu sinto a falta de vocês, como o mar sente a falta da luz do luar para banhar-lhe.

Aqueles de quem mais sinto falta...

Mãe, Pai... infelizmente não temos uma foto recente juntos, mas saibam que a imagem de vocês carrego em pensamento a todo instante.

Lhes afirmo que eu sou feliz aqui, só me sinto sozinho demais as vezes !!

Um beijo para todos os leitores...

sábado, 9 de abril de 2011

Grafton Street.

Pra todos que não sabem, a Grafton é uma rua bastante famosa de Dublin. É incontável a quantidade de atrações que tal lugar nos ofereçe. Como todos sabem não sou consumista, principalmente com roupas, mas é complicado passar em frente a lojas como a Tommy e a Lacoste e ver camisas pólo sendo vendidas por 20 euros !!! E pra quem entra no St. Stephen Shopping ???? Jaquetas impermeáveis da coleção passada da Kalvin Klein e calças jeans da mesma por 40 euros... ;D

Felizmente não é isso que me atrai para a grafton. São os artistas. Não consigo passar por lá sem para mais do que duas vezes sempreeee... são jovens arriscando suas notas num violão rompido pelo tempo e mostrando que a nova geração está aqui pra ser ouvida, manifestações diversas, velhos homens com longas história que poderiam ser famosos. Poderiam ser mágicos, ou artistas... talvez até os grandes cantores de sua geração, mas não... estão lá... atirados a sorte com seus instrumentos em punho e a única ajuda que realmente recebem é do próprio dom ! Como é belo esse povo Dublinense que realmente para pra ouvir, dança a tão famosa Molly Malone e por fim rende-se aos encantos desses mesmos e lhes atiram um pedaço de sua própria esperança. Lhes entregam o que pra eles é nada... mas que para os famintos cantores do circo de atrações da Grafton é na verdade a VIDA !
Não esquecerei quando encontrei eu mesmo uma banda tocando flauta e cajon e ao ouvir percebi que não só eu, mas quase todos estavam praticamente dançando e batendo os pés. Foi quando uma senhora se aproximou e disse, ``não tenha medo... é assim que mostramos a eles seu valor``. Ao final não hesitei um segundo, tratei de jogar 8 euros naquele velho case de flautas e peguei para mim um pouco mais de Dublin. Ouço agora todas as noites o bonito som das flautas e gaitas de fole tão CELTA... tão Irlandês.

Estamos no começo da primavera, as cores finalmente voltam para minha vida. Os parques estão ficando lindos, e eu não sabia que flores podiam ser tão atrativas como as daqui são. Sentamos hoje num gramado cheio. Um Safári de pessoas em meio ao centro Dublinense. Casais, amigos, pessoas. Alguns arriscando uma brincadeira ou outra, alguns tocando seus violões em busca de um amor, ou simplesmente para tornar a tarde dos seus amigos mais prazerosa e alguns simplesmente deitados ao sol. Dormindo ou não... não importa. Ninguém irá lhe perturbar é uma regra por aqui. Sinta-se convidado a se deitar e dormir sem se preocupar com o que os outros pensam. Você não é o primeiro e não será o último. Aqui todos vão para os parques !!

Saudades de todos.

;D